Nosso Fundador

Luís Orione nasceu no dia 23 de junho de 1872, em Pontecuore, Itália. A família era pobre e honesta, de trabalhadores rurais. Sua mãe foi uma sábia e exemplar educadora que lhe serviu como modelo, mais tarde. Ao sair da adolescência aspirava ser sacerdote. Com o apoio da família entrou no Oratório salesiano em Turim, cujo fundador João Bosco, depois venerado pela Igreja, ainda estava vivo. O fundador dedicou ao jovem Orione grande estima e lançou no seu coração a semente da futura vocação.

Luís Orione fez o ginásio no Oratório salesiano, mas concluiu os estudos de filosofia e teologia no seminário da sua cidade natal. Em 1892, ainda seminarista fundou duas escolas para crianças e jovens. Sua ordenação sacerdotal foi em 1895 e desde então se dedicou com ardor à ação pastoral e a obra em favor dos necessitados.

Incansável, Luís Orione, viajou por toda a Itália, várias vezes, pedindo donativos e ajuda material para as suas múltiplas obras de caridade. Ele foi um dócil instrumento nas mãos da Divina Providência, para aliviar as necessidades e os sofrimentos humanos.

Em 1908, Luís Orione ajudou a socorrer as numerosas vítimas do terrível terremoto que sacudiu a região da Sicília e Calábria, na Itália. A pedido do Papa Pio X ficou lá por três anos. Em 1915, fundou uma congregação religiosa, a Pequena Obra da Divina Providência, para dar atendimento aos pobres, trabalhadores humildes, aos doentes, aos necessitados, enfim, aos totalmente esquecidos pela sociedade. Ele também foi o fundador da Congregação dos Padres e irmãos orionitas, das Irmãzinhas Missionárias da Caridade, das Irmãs Sacramentinas e dos Eremitas de Santo Alberto, nessas duas últimas admitindo inclusive religiosos cegos.

Luís Orione plantou bem a semente, pois logo se tornaram árvores espalhando raízes em diversos países. As Congregações dos Filhos da Divina Providência e das Irmãs passaram a atuar em vários países da Europa, das Américas e da Ásia. Possuem milhares de Casas ou Instituições dos mais variados tipos, sobretudo no setor assistencial e educativo.

No Brasil, onde estão desde 1914, mantêm várias casas de apoio às crianças e jovens e de acolhida aos excepcionais (os Pequenos Cotolengos). Mantém também abrigos para idosos, casas terapêuticas para dependentes químicos, hospitais, missões na Amazônia e outras partes da região Norte do país, além de inúmeras paróquias, escolas e creches.  A obra da Divina Providência é mantida por doações, pela ajuda de benfeitores e empresas, promoções e convênios com órgãos públicos.

São Luís Orione faleceu consumido pelas fadigas apostólicas, com sessenta e oito anos de idade, na cidade de San Remo, Itália, no dia 12 de março de 1940. O Papa João Paulo II, no ano 2004, em Roma, proclamou a canonização do humilde sacerdote Luís Orione, que viveu como o gigante apóstolo da caridade, pai dos pobres, singular benfeitor da Humanidade sofredora e aflita. Na ocasião de sua canonização o papa pronunciou: O coração deste estrategista da caridade foi ilimitado, porque se dilatou com a caridade de Cristo. A paixão por Cristo foi a alma da sua vida audaciosa, o impulso interior de um altruísmo sem reservas, a fonte sempre fresca de uma esperança indestrutível. Este filho humilde de um pedreiro proclama que somente a caridade salvará o mundo e a todos repete que a alegria perfeita não pode existir, senão na perfeita dedicação de si mesmo a Deus e aos homens, a todos os homens.”

Dom Orione é o santo da caridade. O amor que o liga a Deus, une-o também aos homens; é um amor imenso e total que exige dele a entrega total; a postura de Dom Orione diante dessa exigência é uma resposta generosa: todo a todos; não há dor, problema ou sofrimento que não encontre lugar em seu coração formado à imagem do de Cristo. Sofrimentos físicos e morais, cansaços, dificuldades, incompreensões e obstáculos de todos os tipos marcaram o seu ministério apostólico. Cristo, a Igreja e as almas, dizia ele, são amados e servidos na cruz e na crucifixão, ou não são de modo alguns amados nem servidos.

“Quisera tornar-me o servo dos servos, dando minha vida pelos mais pobres e abandonados; quisera ser o louco de Cristo, viver e morrer de loucura de amor pelos irmãos. Amar sempre e dar a vida cantando o amor! Despojar-me de tudo! Semear caridade ao longo de meus passos…”

Dom Orione descobriu Jesus na pessoa dos pobres e desamparados. “Ver e sentir Jesus no ser humano”, essa foi sua luta e sentimento mais profundo, e sua opção de vida era a de ser “um coração grande e generoso capaz de curar todas as dores e todas as lágrimas”.

A fim de realizar esta missão evangélica, fundou a Pequena Obra da Divina Providência, para que religiosos e leigos, unidos num mesmo caminho, marchem à frente dos tempos para transformar o mundo numa sociedade mais humana. Hoje, a família orionita, frente aos desafios deste tempo e convencida de que só a caridade salvará o mundo, se esforça em fazer de cada uma de suas comunidades e obras, autênticos “faróis de evangelização” no meio do povo, sobretudo entre os mais pobres, em quem resplandece a imagem de Cristo.

Assim, cada sacerdote, religiosa e religioso, médico, professor, jovem, voluntário, cada pessoa atendida, criança, trabalhador e amigo de nossa obra – todos e cada um – são a expressão viva e comunitária deste carisma que o Senhor confiou a Dom Orione para ir aos últimos de nossa sociedade em nome de Jesus Cristo e da Igreja.

PALAVRAS DE SÃO LUÍS ORIONE

“No mais miserável dos homens brilha a imagem de Deus. Quem dá ao pobre, dá a Deus e terá da mão de Deus a recompensa. Oh! Mande-nos a Providência os homens da caridade! Como um dia, das pedras tirou Deus os filhos de Abraão, assim suscite uma legião e um exército, o exército da caridade, que encha de amor os sulcos da terra repletos de egoísmo, de ódio, e conceda, finalmente, a paz à aflita humanidade…

Sejamos os apóstolos da caridade, dominemos nossas paixões, alegremo-nos com o bem dos outros como sendo bem nosso; no céu será exatamente assim, como nos faz ver o próprio Dante com a sua sublime poesia. Sejamos apóstolos da caridade, do amor puro, amor alto e universal, façamos reinar a caridade com a delicadeza do coração, compadecendo-nos e ajudando-nos uns aos outros, dando-nos as mãos e caminhando juntos. Semeemos a mãos largas, a cada nosso passo, obras de bondade e de amor, enxuguemos as lágrimas de quem chora. Sintamos, ó irmãos, o grito angustiado de tantos nossos irmãos, que sofrem e suspiram por Cristo; vamos ao encontro deles como bons Samaritanos, sirvamos à verdade, à Igreja e à Pátria na caridade…Fazer o bem a todos, fazer o bem sempre, o mal, nunca, a ninguém”.  (São Luís Orione, Lettere II. 327 ss)