
Batizados e Incluídos
No dia 12 de outubro, data em que celebramos Nossa Senhora Aparecida, padroeira do povo brasileiro, e o Dia das Crianças, vivemos um momento de profunda alegria e fé: o batismo de 11 jovens e adultos, nossas “eternas crianças”.
Foram batizados: Florismar, Gilson, Diego, Gabriel, Sidnei, Lulu, Marcelo Sampaio, José Raimundo, Lindomar, Ricardinho e Edson — todos integrantes do grupo que carinhosamente chamamos de “menores”, formado por pessoas com deficiência intelectual mais avançada e que enfrentam maiores limitações em sua autonomia.
A celebração foi marcada por um clima de emoção, fé e entusiasmo, com a presença de religiosos, noviços, familiares, padrinhos, madrinhas e amigos da instituição. Mesmo com as reações espontâneas e os comportamentos únicos de cada um, a atmosfera era de verdadeira comunhão e alegria cristã.
Uma pergunta naturalmente surge: qual o sentido de batizar pessoas que não têm, nem terão, plena consciência do que estão recebendo?
A resposta está no significado do batismo em si — um dom gratuito de Deus que fala também sobre o nosso próprio batismo. Aquilo que reconhecemos como bom e necessário para nós, desejamos igualmente para nossos filhos e filhas.
Como instituição cristã e católica, assumimos o dever de cuidar não apenas da vida física e emocional dessas “crianças”, mas também do seu caminho espiritual, oferecendo-lhes o mesmo sinal da graça que recebemos.
Sabemos, pela fé, que esses jovens e adultos são profundamente amados por Deus, que já os reconhece como seus filhos. Eles não podem ser considerados pecadores pela falta de consciência de seus atos, pois a morte de Cristo os cobre inteiramente. O batismo vem, portanto, ratificar publicamente essa certeza: o amor de Deus é inclusivo e universal.
Ainda que as Escrituras não tratem diretamente desse tema, encontramos em Jesus a confirmação dessa verdade. Ele mesmo disse:
“Esta é a vontade daquele que me enviou: que eu não perca nenhum daqueles que Ele me deu” (João 6,39).
“Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão” (João 10,28).
A doutrina da Igreja ensina que o batismo é para todos, assim como a salvação é para todos. Negar o batismo a alguém por sua deficiência intelectual seria contrariar o próprio Evangelho.
Encerramos com as palavras inspiradoras do Papa Francisco:
“Reafirmo veementemente o direito de as pessoas com deficiência receberem os Sacramentos como todos os outros membros da Igreja. (…) É possível edificar, contra todas as intempéries e junto à sociedade civil, uma ‘casa’ sólida, capaz de acolher também as pessoas com deficiência, porque construída sobre a rocha da inclusão e da participação ativa.”










